Friday, December 7, 2007

E duas semanas depois...a saga continua

«Vamos por partes. O problema da crítica de Pulido Valente começa desde logo no modo como foi publicada. A capa do suplemento do Público anunciava: «Vasco Pulido Valente leu o último livro de Miguel Sousa Tavares e não gostou.» Ninguém precisa de ter estudado jornalismo para perceber o erro que aqui se cometeu. Isto não é notícia de capa em lado nenhum. Material de primeira página seria o Vasco Pulido Valente ter gostado de uma coisa qualquer. »


Ricardo Araújo Pereira in Visão

Thursday, December 6, 2007

E do feitiço fez-se profissão

Estarão com certeza lembrados de Natascha Kampusch, a rapariga austríaca que há cerca de um ano e meio fugiu da casa onde Wolfgang Priklopil a mantinha presa por mais de oito anos. Não é difícil trazer de volta à memória as imagens das entrevistas e as fotografias nos jornais, dada a intensa cobertura mediática de que foi alvo.
Muito se falou sobre o futuro desta rapariga: que traumas a iriam condicionar, que efeitos (nocivos) poderiam advir da excessiva exposição.

Eis que Natascha é de novo notícia: vai ter o seu próprio progama na televisão - um talk-show - no canal austríaco «Puls 4».
Se o feitiço se virou contra o feiticeiro? Neste caso, não foi bem assim. O alvo do feitiço cansou-se de falar de si, e quer saber dos outros; diz querer passar «de objecto mediático passivo a sujeito activo».
E não é que já comunicamos na gíria dos media?

Don't Panic, que é como quem diz «não paniques»

Bones, sinking like stones,
All that we fought for...
Homes, places we've grown,
All of us are done for.

And we live in a beautiful world,
(yeah we do, yeah we do).

Oh, all that I know,
There's nothing here to run from,
'Cause everybody here's got somebody to lean on.

Wednesday, December 5, 2007

PJ que não era polícia

O bom de não saber nada sobre jazz é poder gostar só por gostar, antes de o começar a perceber.
O bom de gostar sem nada saber é ter legitimidade para poder soltar certos disparates que se vão pensando ao longo do concerto.
Por exemplo:
1) que o contrabaixo tem um som quente;
2) que a guitarra soa muito diferente no modo jazz, e que no caso específico da escola HOT CLUBE trouxe harmonia ao quarteto com o saxophone, o contrabaixo e a bateria;
3) que dá gozo fixarmo-nos num instrumento e tentar ouvi-lo mais alto do que os outros;
4) e que talvez por percebermos pouco gostámos de tudo, e o dinheiro foi bem gasto.

Já dizia o maestro dos caracóis altos, aniversariante da noite - «viva o jazz».

(Portugal Jazz no CCB, com quartetos das escolas ESMAE, HOT CLUBE E JAZZ DO BARREIRO; segunda parte com Orquestra de Jazz de Matosinhos)

Wednesday, November 28, 2007

Quando uma muito boa pivot se mostra uma excelente jornalista

Na edição da noite da Sic Notícias Ana Lourenço vinha cumprindo o seu papel de pivot, apresentando os blocos noticiosos em sessão quase continua.
Às 23h, o jornal abriu com Miguel Sousa Tavares em estúdio. Estávamos todos à espera que o questionasse sobre a longa e incisiva crítica que Vasco Pulido Valente endereçou ao Rio das Flores no Público de sábado passado. Mas a jornalista entrou de mansinho e quando a referência ao artigo do Público surgiu contavam-se já dez minutos de entrevista. O suficiente para conseguir o que todos queríamos, sem fazer da polémica tema exclusivo.
A conversa acabou por chegar aos quarenta minutos, sem nunca cair no desinteresse. Educada, segura e bem preparada, a pivot foi colocando as questões mais variadas (e menos esperadas): o papel das mulheres nas obras do autor, a dedicatória dirigida à sua mãe, a sua identificação (ou não) com as personagens, a questão da liberdade na sociedade actual...
No final arriscou e ouviu dizer mal do jornalismo televisivo, após ter pedido ao entrevistado que comentasse o jornalismo actual.
Uma senhora, esta pivot. Já a tinha em muito boa conta pela presença sóbria e inegável boa aparência. Fiquei também a admirá-la - e muito - como jornalista.

Wednesday, November 21, 2007

Porque há desculpas melhores

«Não devias ser assim», tentaste dizer-me hoje ao ouvido. Eu nem ouvi bem, tinha muito barulho à volta.
Seria barulho?
Não faças cara de mau: ainda não é hoje que consegues. Tens o canto da boca a traír-te, o sorriso está para sair.
«Não sou eu», apetece responder. Como um miúdo que grita «não fui eu!» antes de alguém descobrir que houve asneira.
De mão cruzadas sobre a manta axadrezada, que te aquece as pernas, é a vez do olhar substituir-te a voz. Porque essa vai fingir desviar o assunto quando me pegares na mão e gozares com o verniz avermelhado das minhas unhas.
Mas os nossos olhos sabem bem que continuas a querer dizer o mesmo, sem maldade.

E é precisamente por isso que não posso continuar a fingir que há barulho.

Fazemos um pacto? Empresta-me um bocadinho dessa manta aos quadrados.

Monday, November 12, 2007

É que hoje acordei e lembrei-me





Que me irrita gostar desta música.
E quando vi que a filmaram no meu jardim?
Ora pois que dar o braço a torcer custa.
Venham os comentários jocosos: estou quase como o outro na tv...

Eu não sei não gostar desta canção!

Shame on me.

"Nada de especial, "é tarde" e "não foi nada"

A crónica que António Lobo Antunes assina esta semana não se consegue ler uma vez. Ou de uma vez só. Ou as duas coisas.

«Que silêncio tão grande. No interior do silêncio mais silêncio e no interior do mais silêncio um relógio minúsculo a anunciar
- Já é tarde, já é tarde
de forma que nem reparamos nos ponteiros. Para quê se o relógio insiste
- Já é tarde, já é tarde
e nós a olharmos uns para os outros, inquietos
- O que diz o relógio?
(...)
o silêncio aumentou tanto que o relógio se calou, uma palma no nosso ombro
- O que foi?
e construímos peça a peça um sorriso difícil
(custa tanto um sorriso)
que responde por nós
- Não foi nada.»

O relógio. Essa desculpa...

Tuesday, July 31, 2007

Melgas e Mosquitos

"Chegou o Agosto, é hora de partir...".
Adivinha-se alguma inactividade por estes lados.
Porque em Agosto há sempre outras coisas para fazer, em todos os lugares menos Lisboa.

Thursday, July 26, 2007

Quando fôr grande




Quero escrever assim.

Ah, e já agora, ter metade da piada do Fermín.
E dizer a palavra metidabundo todos os dias.

(Not) Everyman, because he said the sun was coming

Ler um livro implica sujeitarmo-nos a alterações no estado de espírito. Porque o livro é bom e só por isso as provoca, ou porque a ausência de estímulos faz dele um mau livro - e o mais provável é irritarmo-nos e passarmos para outro.

Há livros tão bons que nos magoam. Everyman é duro, cru e dolorosamente sincero. Nele não há mistério, uma vez que começa pelo fim. É a certeza desse desenlace que nos prende - não há como fugir à frieza e ao fechamento daquele publicitário sem nome excepto o de pai, filho, irmão, tio, amigo, ex-marido e amante, dominado pelo medo do declínio e da morte, num combate desigual que o empurra para uma «distorção do carácter».

No contexto de uma descida pela costa alentejana a leitura aguerrida calhou num dia de tempo cinzento, frio e até chuvoso - cenário mais do que adequado ao teor da obra.
Finda a última linha sente-se o cansaço de quem se rende à evidência de que naquele homem e nas suas reacções cabiam todos os outros e outras atingidos pela doença, desalento e solidão.
Tendo de disfarçar o efeito alienante do livro perante o grupo em redor, só se consegue responder «é pesado!».

Mas o dia acabou por abrir num fim de tarde na praia da Zambujeira, com o sol quente a querer bater nas costas.
Já não é ao livro mas ao sol que me rendo, deixando-me adormecer. A música de fundo que me embala (exclusivamente a mim) anuncia o sol que eu já tinha sentido, e faz crescer a convicção de que nem todos os homens cabem no título deste livro (ou pelo menos nos seus conteúdos mais escuros) - porque tive o privilégio de conhecer uma excepção.

Há livros tão fortes que nos marcam, mas nunca sozinhos. Como naqueles programas de tv onde se cuida da imagem e que mostram o antes e o depois.
O antes: umas linhas escritas à mão na página anterior ao prefácio, a justificar o presente; a recomendação de alguém que nos é importante; um impulso face à montra da livraria.
O depois? Pode ser a simples recordação de quem nos acompanha, esteja onde estiver.

Monday, July 16, 2007

Eufemismo dos mal-entendidos




Apetece ligar para uma estação e pedir que a toque enquanto ainda estamos no carro - e que pena não poder ser no modo repeat.
Ou então agradecer ao desconhecido que adivinhou a vontade que ainda não tivemos, telefonando primeiro.

Em qualquer dos casos: foi paixão à primeira nota, no cenário sublime da IC19.

Wednesday, July 4, 2007

Imitando (brincadeira e vergonhosamente) um clássico

«You give your hand to me
And then you say, "Hello."
And I can hardly speak,
My heart is beating so»

Sim, cara leitora, é contigo que a canção fala. Não franzas o sobrolho nem arqueies a sobrancelha; e por favor, não faças esse ar de «are you talking to me?».
A música toca para quem a quiser ouvir. Mas mais cedo ou mais tarde esbarras na letra. Complicado? Às vezes...

Estás no carro – e esta é a parte em que pertences à história que escrevo, imitando esse tal de Calvino. Dizia eu: estás no carro, e o som que te oferecem é este, que vai continuando «afraid and shy, i let my chance go by...». E sem dares por isso já substituíste os protagonistas, sem autorização prévia do Ray ou da Diana. Segues pela marginal sem saber muito bem como, abstraída na história onde te deixaste entrar.
Chegas ao teu destino, um bar. Cores quentes, vistosas – assim como a sua frequência. É verão, não podia ser de outra forma. Já descobriste a tua mesa e nela o teu grupo, é hora de largares a tua história como quem abandona momentaneamente o livro que está a ler, porque entretanto anoiteceu e é hora do jantar.

Não estavas à espera de o ver aqui – o verão gosta de pregar partidas, que depois de descobertas parecem mais do que óbvias. And now what?

Vais esbater a tua surpresa e controlar um sorriso escancarado. Vais fingir que não sentiste os olhos dele pregados em ti, desde a porta até ao teu banco; se calhar o melhor é até mostrares alguma surpresa. Cuidado, não te deixes levar pelo tom bronzeado por debaixo daquela camisa verde (tinha mesmo de ser verde?!).
No momento em que te sair um «olá», deveria ter saído muito mais. Mas sempre foste perita na arte de camuflar, não estás em campo de amadores.
Entretanto já estás ao pé do balcão, onde ele sempre esteve, e deixaste o teu grupo numa conversa estridente, entre jogos onde um copo de sangria é primeiro e único prémio.
Ele? Vai-te sorrir, como sempre, sem disfarces ou rodeios. Como sempre para ti, ou para todas?
A conversa flui – escandalosamente fácil entre vocês, quer se tenham visto ontem ou há umas semanas, no limite meses – e da primeira vez em que os dois se calam há um instante onde não há tempo nem modo de fingir - um elogio que ele não consegue acabar, uma resposta que teima em não te sair.
Ou pelo menos assim vos parece, sem que nenhum admita.
«There’s a time and place», dizem os Mike and the mechanics. E subitamente esta canção parece-te muito mais adequada do que a primeira, qual andaime para te justificares (a ti mesma) recolocando a máscara.

And then?

O tempo, os planos, as bocas e as gargalhadas numa conversa interminável. Certamente uma noite bem passada entre dois bons amigos.
No caminho para casa, esbarras numa «i say a little prayer for you» e de repente projectas-te numa grande festa: mesas redondas, copos esguios, discurso feito.
Não, o teu vestido não é branco, nem pouco mais ou menos. Mas também não é roxo como o da Julia. Preferiste um encarnado, talvez para dissimulares uma analogia mais do que evidente.

Estacionaste o carro. Antes de retirares o rádio sai-te uma gargalhada alucinante. Acabas de te imaginar dentro do KIT, que se despediria assim da condutora justiceira: «My darling, stop living in fairy tales!».

Thursday, June 28, 2007

Tivoli


Ieri cumprimos uma das componentes do nosso Erasmus: metermo-nos num comboio rumo a uma cidade qualquer.
Afastamo-nos um bocadinho do centro e começa a surgir a paisagem que tanto caracteriza este país - a de pequenas cidades que se desenvolvem a partir do cume de um monte.
Tivoli parecia ser uma entre muitas, de aspecto meio desarranjado e um nível de amabilidade elevado entre os nativos. Continuamos a confirmar a tese de que os italianos são mais simpáticos fora da bella Roma.
Sempre a pé, encontrámos o primeiro objecto do nosso itinerário: a Villa d’Este. Aqui a simpatia no atendimento já foi menor, mas o que nos esperava compensou.
Visitado o palazzo, que mais parecia um jardim interno, o som da água acompanhou-nos durante a hora e meia de passeio por um jardim cuidado no pormenor.
As fontes vestiam-se dos mais variados temas, desde a alusão a uma romanetta – onde não faltaram a loba e o obelisco – ao corredor das cem fontes (e cem figuras) que espeliam água. Mais tarde soubemos que nenhum dos efeitos destas fontes é impulsionado por um motor, mas todos conseguidos pela força da água que desce de uma barragem.
Consagrado o parque píu bello dell’Europa 2007, a Villa d’Este está em condições de fazer inveja ao Jardin des Tuileries.
Chegava a hora da prossima fermata: Villa Gregoriana. E aqui o dia entrava num jogo de contrastes entre a beleza natural e a cuidada. Não encontrámos esculturas nesta segunda villa, pelo menos das que resultassem de mãos humanas. O ambiente era o de uma mini-selva, que começou e terminou numa cascata (com algumas dúvidas de orientação pelo meio, e muitas subidas e descidas).
Quase na hora do regresso, somos convidadas a participar numa festa patrocinada por um supermercado da zona! Balões, palhaços em andas, cornetti, salgadinhos, algodão doce e frango assado, ao som de uma música que podia ser a de um arraial numa terrinha portuguesa.
De algodão doce em punho em direcção à estação ferroviária, não conseguimos discernir qual das villas receberia o nosso prémio, sinal de que Tivoli fora uma boa aposta.
2 a 0.
Como acontece naqueles dias de praia que duram até ao anoitecer, o sono profundo mal acampadas no comboio não deixou dúvidas quanto ao resultado final.

Monday, June 25, 2007

O que se é de visita a uma cidade onde já se viveu, ainda que por pouco tempo?




Bilhete, sanduíche, água e máquina fotográfica.
Olhar atento, postura descontraída.
Língua estrangeira na conversa com quem nos acompanha.
Convenhamos: não somos nativas.

Mas também não fazemos parte dos 50 seguidores de uma flor ambulante, ou dos menos de 50 que alinham no itinerário American Express. Não temos guias electrónicos onde na tecla 1 aprendemos sobre as picardias entre Bernini e Borromini e na tecla 2 somos confrontadas com o feitio difícil de Caravaggio.

Escolhemos o nosso caminho por entre os círculos, triângulos e rectas que formam o labiríntico centro de Roma. Conhecemos atalhos e descobrimos outros – porque há sempre qualquer coisa por descobrir na Cidade Eterna.

Fora do centro a nossa nacionalidade passa despercebida; há até quem peça indicações.
Somos capazes de ensinar um italiano a escolher o melhor autocarro para um determinado destino, e de ajudar uma zía a estacionar a carro e dirigir-se para a estação de metro mais próxima, não vá o salto agulha atrapalhar a pose.

Na zona onde morámos é inevitável não falar em “nossa casa” – ainda que lá tenham vivido muitos antes de nós e outros tantos estejam ainda por vir – e em “nossa gelataria” – mesmo que quem nos sirva o "inimitável" gelado de figo já não nos reconheça.

Em que ficamos?
Os nativos da bella Roma que me perdoem, mas sou um bocadinho ladra, e não consigo deixar de a sentir um pouco minha, como quando ao referimos uma pessoa de quem gostamos cometemos o pleonasmo «eu tenho um amigo meu…».
Mas não sou daqui: e apercebo-me disso não tanto quando me abordam em inglês, mas quando não consigo disfarçar espanto perante uma noite a adivinhar-se de uma ponte, entre Trastevere e a Piazza di Torre Argentina. E ainda assim toda a tarde parecia ter estado em casa, distraída entre ruas e a ter ataques de riso na cafetaria da Feltrinelli, onde nos ofereceram um delicioso caffé freddo.

Por agora, acho que sou uma visitante sem guia.

Thursday, June 21, 2007

La prima giornata


Foto tirada pela ladra de guardanapos

António Mega Ferreira, num livrinho que andei a ler há cerca de um ano, dizia que em cada cidade escolhemos um centro. Este pode ser o que quisermos – desde um monumento a uma rua – sendo que a sua definição aproxima-se de um ponto de partida para o resto do passeio.
Na Roma que dava nome ao livrinho, o autor escolhia o Panteão. Desde cedo defendi a Piazza Navona, num debate com os restantes Furios Camillos, quando rodeados de petiscos numa tasquinha em terras sicilianas.
Hoje encontrámos parte do meu centro em obras. O Danúbio, o Prata, o Ganges e o Nilo lá estavam, embora escondidos e bem secos. Peccato!
Ultrapassado o choque inicial perante o ponto de partida de um regresso tão desejado, seguiram-se seis horas de passeio por mares já algumas vezes navegados, mas que sabem sempre a sais diferentes.
Com o calor a fazer questão de nos acompanhar, reencontrámos algumas caras e confirmámos a tese de que em Roma acontece sempre algo de extraordinário: fomos perseguidas por uma senhora de idade estranhamente afeiçoada a um guardanapo de papel, que a minha companheira de serviço havia delicadamente retirado de um recipiente estrategicamente posicionado em cima de um balcão, mesmo à mão de semear. «Estes romanos são doidos!», já dizia o outro.
Este meu amigo de longa data concorda plenamente, mas acrescenta: estamos aqui, não estamos?

Sunday, June 17, 2007

Tagarelice

Às vezes o estado entre conhecer e adorar uma música passa por querer conversar com ela.
«Mostra-me o avesso da tua alma», diz o Rui. Apetece responder: «e se eu não quiser?».
E depois a Lena chega e diz «sempre que o amor me quiser, basta fazer-me um sinal». «Olha, não sejas foleira, ‘tá?».
Se o Rui pega em eufemismos, o Bryan recorre ao ultimato em Inside Out – que deixa qualquer um sem resposta.
Um dia, o Dave com o seu dinamismo «i will go in this way, and find my own way out»: «hey,espera lá que eu também vou!». Noutro, o Louis diz-nos que no dia dele o céu está azul e as nuvens muito branquinhas – e mesmo que no nosso não estejam, apetece responder na mesma moeda.
Outras tantas conversas com o Phill, o Van, o Bobby, o David (cinzento), o Rui outra vez, e tantos outros e outras que andam por aí a espicaçar quem lhes quiser dedicar «três minutos de atenção».
A tagarelice do momento dá-se com uma tal de senhora Feist, qual doutorada em argumentos bem difíceis de replicar. Mas assim é que tem graça.

Thursday, June 7, 2007

É a perecibilidade, menina!

Tinha um rascunho de um post armazenado no meu caderno (o outro), à espera que me apetecesse pensar seriamente na melhor forma de (d)escrever o jardim que mora aqui ao lado.
Não que a temática fosse do interesse especial de quem por aqui (caderno virtual) passa; antes queria perceber para que serve afinal aquele espaço; imaginar as razões de cada trauseunte.
Acontece que esse rascunho guardava uma ideia-chave, qual ponto alto deste spot. Ao pedido de um café, seguido da pergunta «quanto é?», a resposta foi sempre a mesma: «50 cêntimos menina, por enquanto!».
O «por enquanto» justificava-se mencionando as docas, alertando para os jardins de belém, viajando até à marina de cascais e, caso ainda restassem dúvidas, fazendo recordar a zona do príncipe real.
«Mas por isso é que estou aqui e não nas docas», respondi uma das vezes, armada em engraçadinha.

Hoje paguei 60 cêntimos - e o meu rascunho foi ao ar.
Ainda atordoada, e com níveis reduzidos de vontade, pego nos slides de Sociedade da Informação.

«Características do conhecimento:
(...)
e) Perecibilidade: o valor do conhecimento tende a diminuir, e pode mudar de um momento para o outro (...).
Solução: RAPIDEZ - aproveitar a tendência enquanto
dura.»

Lógico, não é? Ou então é só a inflação, e esta gente gosta é de nos fazer perder tempo a pensar nestas coisas, junto ao lago onde a estátua de um cão cospe água e alguns dos peixinhos dourados (que para mim serão sempre cor-de-laranja) mais parecem garoupas a precisar de uma dieta.

Espero que o sr dono (ou sra dona) não se importe; não resisti

A culpa foi do senhor que me atendeu na loja do MNAA (gente boa e simpática a trabalhar num feriado, com uma temperatura destas!), que sugeriu que saísse pela porta de baixo.
Perfeito, perfeito? Era isto num beatlezinho.

Tuesday, June 5, 2007

And now what?


A equacionar o sinal que não se vê, porque se escolheu primeiro a faixa da esquerda.

Ainda a tempo de virar para o lado direito?

O traço é bem contínuo.

(As probabilidades de choque também)

Sunday, May 27, 2007

Podem os teus olhos mostrar uma coisa e a tua mão outra, sem que queiras dizer coisas diferentes?



E se a fotografia acabasse na janela do lado direito?

Genial.


(as coisas que se descobrem a fugir do estudo e de outras obrigações, explorando links de outros blogueiros)
Mais aqui.


Friday, May 25, 2007

Come and see...


...i swear i will.
Let the tears splash all over you...
A avaliar pelo estado do tempo, alguém seguiu a deixa à letra, e começou
bem cedinho.
Valem-nos as técnicas dos espaços fechados da sociedade de consumo: lá
dentro é "primavera perene".

Imagem gentilmente "cedida" pelo guia do lazer do público online.

Wednesday, May 23, 2007

qualquer coisa como 2 semanas

Não é bem medo, não te sei explicar.
Lembras-te de quando eras pequenino e a tua mãe te pegava na mão quando tinhas de ir às “picas”?
É mais ou menos isso.
Sabes quando o R resolve atirar-se feito herói, mesmo em frente a um daqueles bem encarnadinhos?
Está lá perto.
Recorda aqueles jogos estúpidos em que tinhas de pensar na pior coisa que te podia acontecer, para ver se choravas.
Pronto, não vás por aí, é mesmo estúpido.
Imagina que tens vertigens e um engraçadinho resolve fingir que te vai empurrar da varanda.
Ou que voltas a ter aquele pesadelo que acaba sempre da mesma maneira, sem nunca saberes o fim.
Ou que estás num labirinto muito giro mas não tens jeito nenhum para estas brincadeiras da orientação.
Não é bem medo. É mais pânico.
E é tão estúpido quanto detestares leite morno e não teres maneira de o aquecer, nem paciência para deixar que arrefeça mais um bocadinho.

Tuesday, May 22, 2007

Tic-tac

- Vens comigo?
- Agora?
- Sim
- Mas já?
- Sim
- Sem mais nem menos?
- Hm hm
- E se....?
-‘Bora
- Epah...
- Então?
- Não posso
- ok
já foste.

Monday, May 21, 2007

Assim como quem pergunta as horas

Olhe desculpe, posso apaixonar-me por si?

Tuesday, May 15, 2007

Sabia que...?


Há coisas que só se aprendem a jogar party and company com crianças. Passo a citar:

- as formigas bocejam
- produzimos 4 chávenas de saliva por dia
- os ouriços têm pulgas
- o dinossauro triceratops tinha 3 cornos

E agora um desafio. Que cor toma o suor dos hipopótamos?


  1. transparente

  2. branco

  3. encarnado

R: odanracne

Wednesday, May 9, 2007

Que parvoíce

Somos crianças: há uma casa muito grande, mas mesmo grande (a sério), e na sala dessa casa está um candeeiro alto, ao lado de um cadeirão encarnado (mas mesmo encarnado). Os corredores são compridos, as maçanetas das portas estão um pouco altas, e os interruptores nem vê-los. O jardim é enorme, «é quase um campo de futebol!».
Já somos menos crianças: a casa que havia e que agora fomos visitar afinal é bem menos grande do que achávamos, e o encarnado do cadeirão da sala é um pouco mais esbatido do que a imagem que dele guardámos. Os interruptores estão mesmo aqui ao lado.
Desenganem-se os teóricos e os estudiosos, que procuram aquele limite/dia/hora/momento em que deixamos de ser crianças e passamos a adultos. Deixamos aos 12, quando entramos na adolescência? Aos 18, quando já podemos entrar onde queremos sem falsificar o BI? Aos 21, entrada oficial na idade adulta? E com as raparigas, dá-se o click quando entra uma senhora na casa-de-banho a querer fazer uma festa com confetis?!
Nada disso. Dizemos adeus à criancinha quando a diferença entre a casa muito grande (mas mesmo grande) e a casa normal (quase pequena) já não nos causa estranheza; melhor, passa-nos despercebida.
«Oh, nós é que éramos parvos».

Wednesday, March 21, 2007

Have a nice day

Bom dia Primavera, adeusinho ao Inverno. Vou ali dar um salto ao país do eterno Verão e já volto!

Tuesday, March 20, 2007

He's back

Andava desaparecido – quase tanto como eu deste blog. «Já não se fazem», diziam, e nós acreditámos. Não era fino, é certo. Não aparecia nas revistas do género, não ganhou nenhum prémio e não faço a mínima ideia se de facto era bem sucedido – mas divertido e dotado de outras qualidades, isso ninguém desmente.

Um dia desistimos de o procurar, e a pouco e pouco fomos esquecendo que o queriamos encontrar.

É tramado, sim senhor, e apareceu quando menos se esperava – momento emocionante, qual novela ou último episódio de uma dessas séries!

Malta, o gelado Carrocel está de volta! Disfrutem.

Thursday, February 22, 2007

Carnaval entre opostos


Fedra, no Teatro Maria Matos, 2 amores, no Villaret. Duas formas antagónicas de abordar um segredo inconfessável. Uma clássica, a outra contemporânea? Ou é possível descortinar um quê de contemporaneidade em Fedra, no sentido de identificar elementos que nos são caros?
À primeira vista, Fedra não é do nosso tempo. Diz quem me acompanhou que «custa a entrar». A linguagem, o guarda-roupa e o movimento corporal do “pára-arranca” já não se usam; o frenesi de Beatriz Batarda, num desespero exacerbado, chega a incomodar.
Será que a nós, ao nosso tempo, já não choca o amor de uma madrasta pelo seu enteado? E daí tornar-se difícil a aceitação do desespero assumido e exteriorizado de Fedra?
Esse sofrimento também não é do nosso tempo. O nosso é escondido, mascarado, disperso em desabafos ocasionais, canalizado para uma intensa e contínua actividade; a estes olhos, Fedra é louca e desequilibrada, a quem apetece dizer «oh filha já chega, é a vida. Levanta-te e ri.»
Sabemos, desde o início, que Fedra não se vai levantar, e muito menos rir. O segredo que esconde não se coaduna com a dignidade que os deuses exigem: Fedra sabe-o e assume-o.
Eu gostei. Estranhei um pouco o cenário, não senti a ligação com o resto. Sobre os actores, lamento algumas discrepâncias entre os contributos, que prejudicaram a noção da peça como um todo. Há mesmo momentos que incentivam a um certo desligamento – e eu julgo que até estava sintonizada.
A força esteve na Beatriz Batarda: o texto, a expressão, o vestido – ajustado ao corpo, mas que não o prendia, antes parecia acompanhar os seus movimentos – tudo nela fez sentido. Moral da história: a parte ganhou ao todo.

Duas peças, dois efeitos. Em Fedra, o efeito não me foi imediato: foi ficando, obrigando-me a pensar, «custando a sair».
Em 2 amores a reacção é instantânea, e com fortes probabilidades de causar dores abdominais. Não consegui conter alguma expectativa antes de entrar, e não saí (de todo) desiludida! Antes surpreendida pela capacidade daquele grupo de actores nos fazer rir durante três horas, de tal forma que os próprios manifestaram dificuldade em manter a postura.
João Santos tem duas vidas, e uma mulher em cada uma delas. Ao contrário de Fedra, não está lá muito preocupado. A bigamia é crime, ah pois é, mas é preciso ser descoberta! E para evitar essa situação desagradável (pois que consta que a prisão não é o melhor dos mundos) o senhor taxista fugareiro tem tudo sob controle. Até ao dia...
Altamente recomendável; não sujeito a receita médica.

Tuesday, February 13, 2007

Iguais aos outros todos

"Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi
"

Eu cá tenho um certo receio, para lá da tristeza ou da irritação. Exagero? Alarmismo?

Estaremos cá todos para ver: os do sim, os do não, os do branco, e os que quiseram ficar em casa.

P.s Diz o JB que vai emigrar. Para onde?

Thursday, February 8, 2007

La dolce vita...


...Ver o nascer do sol dentro de um comboio, a chegar a Veneza.

Tuesday, February 6, 2007

Isenção do serviço público

Uma semana depois, o Prós e Contras repete o tema. Mas calma, não é tudo igual. Desta vez, os movimentos foram convidados a ficar de fora, e a assistência foi-se enchendo de figurantes, que é para "não haver confusão". Havia necessidade, um imperativo indiscutível para esta repetição?
E para o afastamento das propostas de alteração das penas?
E para uma pergunta dois em um?
Há qualquer coisa aqui que cheira a esturro...Ou então são só as torradas a queimar.
Deve ser da cons(tipação).

Friday, February 2, 2007

Desculpem lá a "pitice"


Já não me apaixonava por um personagem da tv desde os tempos do Songoku...

Mãos ao alto!

in Não fui eu, Quino

Numa daquelas alturas em que fazemos de tudo para fugir ao estudo encontrei este livro em cima da secretária da minha irmã, e vai daí decidi averiguar. Apareceu-me esta imagem, à qual achei muita graça.

Não gosto de tabaco: do cheiro, do fumo, das cinzas esquecidas nos cinzeiros que continuam a deixar rasto, muito depois do cigarro apagado. Tive sempre esta birra com o meu pai, que logo depois de acabar a sua refeição acende um cigarro, esquecendo-se dos que ainda não acabaram. Pode ser uma reacção "mimada", admito, mas que é irritante, é! E além disso, sem entrar em grandes sermões, faz mal.

Confesso que achei alguma graça à vaga anti-tabaco, às campanhas mais ou menos bem feitas (estou-me a lembrar de uma cómica, onde aparecia um miúdo búes da radical, e que ainda por cima não fumava!Grande bacano!E outra, mais forte e séria, onde o fumo que saía do cigarro formava uma espécie de caveira). Numa onda de ainda maior futilidade, gostei de viver em Itália e poder sair de uma discoteca sem cheirar a tabaco, e estar lá dentro sem sentir o fumo.

Mas calma lá, pessoal. Começar a proibir o acto de fumar em todo e qualquer estabelecimento, sob pena de multa, já acho um bocadinho demais. Ah e tal, era tudo muito giro se ninguém fumasse (oh, se era!), mas há "crimes" piores!

Sunday, January 14, 2007

Point me in the right direction

Estava prevista uma noite de estudo. Ou melhor, o bom senso ditava que ficasse em casa. Eis senão quando o Samsung toca, e um dos mais acérrimos defensores das prioridades académicas que conhece chuta a seguinte pergunta: «consegues estar na Gulbenkian em 10 minutos?»
Não conseguiu, chegou 10 minutos atrasada. Mas o homenzinho de cabelos brancos e óculos lá estava à porta do grande auditório, com o seu bilhete na mão.
«É meu», disse-lhe com um ar atrapalhado, como que reconhecendo o papel de quem recebe os atrasados.
«Maria? Muito bem, receba a folha do dia, suba as escadas e entre na porta à sua direita.»
«Terceira fila a contar da entrada para baixo, ao centro»- dizia a mensagem. Mas a entrada tinha sido outra, a de cima, e portanto ficaram em terceiras filas diferentes.
O espectáculo? Um filme: “It’s a Wonderful Life”. Só tinha visto algumas partes, usadas noutros tantos filmes para ajudar a montar um cenário natalício.
Recuso-me a contar a história, arranjem maneira de o ver (mesmo que percam os primeiros 10 minutos). Prometo: um herói muito real, daqueles que também têm ataques de fúria, e que quase desistem; cenas genuinamente divertidas, como o embaraço de Mary quando lhe cai o roupão; um vilão muito, mas muito irritante; e a vontade de dizer, citando fonte familiar -«Ca ganda filme!».
Valeu muitas fugas ao bom senso. A juntar ao Ayrton, que da experiência de um ano inteiro deitado numa cama de hospital ditou que o Natal tinha sido “fixe”, e que o do próximo ano vai ser ainda melhor. Dois estalos na cara na mesma semana, mas daqueles que sabem muito bem.
«Point me in the right direction». Grazie mille!

Tuesday, January 9, 2007

O Marcello já lá vai

Cavaco Silva gravou hoje a sua primeira mensagem de vídeo a ser divulgada na internet, dirigida aos visitantes do site da Presidência da República. O âmbito, desta primeira vez, foi a explicação da Visita de Estado à Índia, essa que «é a maior democracia do mundo, com mais de um bilião de habitantes». O tom é calmo, a puxar para a conversa informal, qualquer coisa entre o professor-aluno e o avô-neto.
No final, ficou prometida uma nova mensagem, a dar conta dos resultados da visita.
Vamos ter Conversas em Família, desta feita com o professor Aníbal?

Monday, January 1, 2007

Happy New Year

Some things in life are bad,
They can really make you mad,
Other things just make you swear and curse.
When you're chewing life's gristle,
Don't grumble
Give a whistle
And this'll help things turn out for the best.
And...
Always look on the bright side of life.[whistle - esta parte é importante!]
Always look on the light side of life.

If life seems jolly rotten,
There's something you've forgotten,
And that's to laugh and smile and dance and sing.
When you're feeling in the dumps,
Don't be silly chumps.
Just purse your lips and whistle
That's the thing.
And...Always look on the bright side of life (...)

O link é para um versão mais acelerada...!

http://www.youtube.com/watch?v=txGHUut5BBI