Wednesday, May 9, 2007

Que parvoíce

Somos crianças: há uma casa muito grande, mas mesmo grande (a sério), e na sala dessa casa está um candeeiro alto, ao lado de um cadeirão encarnado (mas mesmo encarnado). Os corredores são compridos, as maçanetas das portas estão um pouco altas, e os interruptores nem vê-los. O jardim é enorme, «é quase um campo de futebol!».
Já somos menos crianças: a casa que havia e que agora fomos visitar afinal é bem menos grande do que achávamos, e o encarnado do cadeirão da sala é um pouco mais esbatido do que a imagem que dele guardámos. Os interruptores estão mesmo aqui ao lado.
Desenganem-se os teóricos e os estudiosos, que procuram aquele limite/dia/hora/momento em que deixamos de ser crianças e passamos a adultos. Deixamos aos 12, quando entramos na adolescência? Aos 18, quando já podemos entrar onde queremos sem falsificar o BI? Aos 21, entrada oficial na idade adulta? E com as raparigas, dá-se o click quando entra uma senhora na casa-de-banho a querer fazer uma festa com confetis?!
Nada disso. Dizemos adeus à criancinha quando a diferença entre a casa muito grande (mas mesmo grande) e a casa normal (quase pequena) já não nos causa estranheza; melhor, passa-nos despercebida.
«Oh, nós é que éramos parvos».

14 comments:

Anonymous said...

welcome back!;) que parvoice é essa de ser adulto..pena dakeles k perdem a criança que nao ker sair!:P ha luzes k nunca se apagam..as vezes nao temos é clareza para as ver!
bjs para a autora deste blog!

JAC said...

"it's not how old i am, it's how old i feel"

essa sensação que descreves é estranha, mas ao mesmo tempo bonita... dá é vontade de regressar no tempo. Também me acontece isso em relação a vários espaços e aos gelados. Acho que "deixei de ser criança" quando passei a conseguir comer um gelado até ao fim...

Anonymous said...

Maria, não resisto a comentar esta sua imagem, que li repetidas vezes. O texto é bonito, como todos os que escreve, mas a imagem que transmite deixa-me triste.
Não posso deixar de lhe dizer que, apesar das contrariedades, desalentos e amarguras que o crescer nos pode apresentar, o importante é conservarmos e transportarmos pela vida fora o espanto pelas coisas mais simples que ela nos escancara, todos os dias, a curiosidade pelas coisas que nos rodeiam, e descoberta daquilo que de bom e verdadeiro existe dentro de nós e que devemos entregar e abandonar a todos os que por nós passam e nos acontecem pela vida fora. Porque a vida é mesmo uma passagem. E o melhor de levamos dela é a alma dos espaços que construimos, dentro e fora do que vivemos, e onde nos sentimos bem, o amor que transportamos, a ternura, a luz que recebemos em crianças e que nunca devemos deixar esmorecer. Olhar para a vida senti-la como se a vissemos através dos olhos de uma criança! Um beijo.

Anonymous said...

Maria,o único defeito deste blog é que você só tem amigos anónimos!...
Um grande beijinho não anónimo.

maria said...

não será o único, mas é certamente um deles!!só há uma anonima que é mais do que conhecida...os outros dois (acho eu que são dois) devem ter medo de mim!
bjs

maramar said...

Pois é Maria, tem toda a razão...mas é que eu ainda não tinha conta nesta coisa e não sabia como é que isto funcionava com "user name"...e outras coisas do género...agora já posso assinar...não há nada como experimentar! As experiências e a curiosidade pela vida que nos rodeia fazem destas coisas.
Maria, o comment anterior é meu, para o caso de ainda não ter dado por isso!
Um beijo sem medo nenhum!

Anonymous said...

Já estou esclarecido. E satisfeito,gosto que o beijo venha daí.

maria said...

ainda fica a faltar um anonimo, segundo as minhas suspeitas. Da maramar ja desconfiava...

Anonymous said...

há anónimos e anónimos...e eu sou um anónimo muito conhecido (para quem tem que saber)...e portanto..viva os anónimos..:) hehe!

Anonymous said...

"Um anónimo conhecido",que frase inteligente...
Maria,os seus amigos anónimos são um bocadinho irritantes...

maria said...

oh pedro não diga isso que você até a conhece..."nunca esquece uma cara"

Anonymous said...

O "crescer" sempre me revoltou!Em todas essas fazes da vida de que falaste eu senti uma enorme revolta em crescer. E se é como dizes, então aínda sou criança, porque essas diferenças de "tamanhos" aínda me fazem muita confusão!
bjs
Tita

Anonymous said...

Fases...
Tita

maria said...

:) bjs tita (há coisas que não mudam com a idade, e tita é sempre tita...!)