Na edição da noite da Sic Notícias Ana Lourenço vinha cumprindo o seu papel de pivot, apresentando os blocos noticiosos em sessão quase continua.
Às 23h, o jornal abriu com Miguel Sousa Tavares em estúdio. Estávamos todos à espera que o questionasse sobre a longa e incisiva crítica que Vasco Pulido Valente endereçou ao Rio das Flores no Público de sábado passado. Mas a jornalista entrou de mansinho e quando a referência ao artigo do Público surgiu contavam-se já dez minutos de entrevista. O suficiente para conseguir o que todos queríamos, sem fazer da polémica tema exclusivo.
A conversa acabou por chegar aos quarenta minutos, sem nunca cair no desinteresse. Educada, segura e bem preparada, a pivot foi colocando as questões mais variadas (e menos esperadas): o papel das mulheres nas obras do autor, a dedicatória dirigida à sua mãe, a sua identificação (ou não) com as personagens, a questão da liberdade na sociedade actual...
No final arriscou e ouviu dizer mal do jornalismo televisivo, após ter pedido ao entrevistado que comentasse o jornalismo actual.
Uma senhora, esta pivot. Já a tinha em muito boa conta pela presença sóbria e inegável boa aparência. Fiquei também a admirá-la - e muito - como jornalista.