Wednesday, November 28, 2007

Quando uma muito boa pivot se mostra uma excelente jornalista

Na edição da noite da Sic Notícias Ana Lourenço vinha cumprindo o seu papel de pivot, apresentando os blocos noticiosos em sessão quase continua.
Às 23h, o jornal abriu com Miguel Sousa Tavares em estúdio. Estávamos todos à espera que o questionasse sobre a longa e incisiva crítica que Vasco Pulido Valente endereçou ao Rio das Flores no Público de sábado passado. Mas a jornalista entrou de mansinho e quando a referência ao artigo do Público surgiu contavam-se já dez minutos de entrevista. O suficiente para conseguir o que todos queríamos, sem fazer da polémica tema exclusivo.
A conversa acabou por chegar aos quarenta minutos, sem nunca cair no desinteresse. Educada, segura e bem preparada, a pivot foi colocando as questões mais variadas (e menos esperadas): o papel das mulheres nas obras do autor, a dedicatória dirigida à sua mãe, a sua identificação (ou não) com as personagens, a questão da liberdade na sociedade actual...
No final arriscou e ouviu dizer mal do jornalismo televisivo, após ter pedido ao entrevistado que comentasse o jornalismo actual.
Uma senhora, esta pivot. Já a tinha em muito boa conta pela presença sóbria e inegável boa aparência. Fiquei também a admirá-la - e muito - como jornalista.

8 comments:

JPC said...

A mesma senhora que não vota, porque se quer manter isenta.



Huummmmm...




Hein?

maria said...

Em que é que isso afecta o seu jornalismo...?

JPC said...

E em que medida é o jornalismo da Sra. afectado pelo acto de votar?

Um cidadão que, conscientemente, se demite de votar, das duas uma: ou se abstém por oposição ao Papão que é o Sistema, e isso é com ele; ou se demite de praticar um acto básico de cidadania, talvez O acto básico de cidadania, o primeiro da ingerência nas coisas públicas.

O jornalista é um mediador. Trabalha os factos, produz a informação, esclarece o leitor/ouvinte/espectador da melhor forma, para que este forme o seu juízo sobre as coisas. Neste processo o jornalista tem de ser crítico, tem de ter sentido crítico, tem a responsabilidade de o ser, para saber como abordar o assunto, para descobrir a implicação por detrás do assunto, para questionar inteligentemente, para não se deixar envolver num discurso bem montado pelo seu interlocutor.

Um jornalista que se demite de votar para “ser isento” ou “mais isento”, que foi esse o motivo apresentado numa entrevista que não me saiu da cabeça mas que não me lembro onde foi, não está a demitir-se de ser crítico, de usar o seu sentido crítico, de praticar a cidadania, logo ele, o jornalista, cuja profissão ou função social carrega uma responsabilidade maior?

E quando o jornalista não vota porque não quer, logo ele que terá acesso privilegiado à informação com que poderia construir o seu juízo, que mensagem passa ele ao cidadão?

Não vi a entrevista em causa. Raramente vejo a edição da jornalista em causa. Raramente vejo jornalismo televisivo. Mas quando vejo a Sra. em causa, lembro-me sempre daquela entrevista. E da tua e da minha pergunta: se votasse seria melhor jornalista? por não votar é pior jornalista? É, pelo menos, pior cidadã. E isso é logo aquilo que todos deveríamos procurar ser um pouco melhores. Ou então é só o discurso do “eles querem é poleiro”.

Anonymous said...

Já várias vezes não votei e não me considero pior cidadão por isso. Muito pelo contrário.

MLemos said...

Peço desculpa incomodar a (elevada) discussão...

O que é triste nessa senhora, é apenas e só, o facto de ser casada com um professor de natação... Acho que lhe assentava muito melhor um jovem aspirante a advogado, e que ainda por cima vota! Ah, e tem como profissão fetiche jornalis(tas)mo... AHAHAH...

pedro said...

O que é triste nesta senhora é ser casada,ponto final parágrafo.

Francisco Valente said...

Quem dera a qualquer escritor português ter quarenta minutos de antena para falar sobre os seus livros.

JAC said...

Adoro a Ana Lourenço. E adoro que estejas "de volta" :)*