Wednesday, November 21, 2007

Porque há desculpas melhores

«Não devias ser assim», tentaste dizer-me hoje ao ouvido. Eu nem ouvi bem, tinha muito barulho à volta.
Seria barulho?
Não faças cara de mau: ainda não é hoje que consegues. Tens o canto da boca a traír-te, o sorriso está para sair.
«Não sou eu», apetece responder. Como um miúdo que grita «não fui eu!» antes de alguém descobrir que houve asneira.
De mão cruzadas sobre a manta axadrezada, que te aquece as pernas, é a vez do olhar substituir-te a voz. Porque essa vai fingir desviar o assunto quando me pegares na mão e gozares com o verniz avermelhado das minhas unhas.
Mas os nossos olhos sabem bem que continuas a querer dizer o mesmo, sem maldade.

E é precisamente por isso que não posso continuar a fingir que há barulho.

Fazemos um pacto? Empresta-me um bocadinho dessa manta aos quadrados.

2 comments:

Anonymous said...

Que tal um desenvolvimento "aprofundado" do post...?

MLemos said...

http://ahetalcoisas.blogspot.com/

;)