Monday, June 25, 2007

O que se é de visita a uma cidade onde já se viveu, ainda que por pouco tempo?




Bilhete, sanduíche, água e máquina fotográfica.
Olhar atento, postura descontraída.
Língua estrangeira na conversa com quem nos acompanha.
Convenhamos: não somos nativas.

Mas também não fazemos parte dos 50 seguidores de uma flor ambulante, ou dos menos de 50 que alinham no itinerário American Express. Não temos guias electrónicos onde na tecla 1 aprendemos sobre as picardias entre Bernini e Borromini e na tecla 2 somos confrontadas com o feitio difícil de Caravaggio.

Escolhemos o nosso caminho por entre os círculos, triângulos e rectas que formam o labiríntico centro de Roma. Conhecemos atalhos e descobrimos outros – porque há sempre qualquer coisa por descobrir na Cidade Eterna.

Fora do centro a nossa nacionalidade passa despercebida; há até quem peça indicações.
Somos capazes de ensinar um italiano a escolher o melhor autocarro para um determinado destino, e de ajudar uma zía a estacionar a carro e dirigir-se para a estação de metro mais próxima, não vá o salto agulha atrapalhar a pose.

Na zona onde morámos é inevitável não falar em “nossa casa” – ainda que lá tenham vivido muitos antes de nós e outros tantos estejam ainda por vir – e em “nossa gelataria” – mesmo que quem nos sirva o "inimitável" gelado de figo já não nos reconheça.

Em que ficamos?
Os nativos da bella Roma que me perdoem, mas sou um bocadinho ladra, e não consigo deixar de a sentir um pouco minha, como quando ao referimos uma pessoa de quem gostamos cometemos o pleonasmo «eu tenho um amigo meu…».
Mas não sou daqui: e apercebo-me disso não tanto quando me abordam em inglês, mas quando não consigo disfarçar espanto perante uma noite a adivinhar-se de uma ponte, entre Trastevere e a Piazza di Torre Argentina. E ainda assim toda a tarde parecia ter estado em casa, distraída entre ruas e a ter ataques de riso na cafetaria da Feltrinelli, onde nos ofereceram um delicioso caffé freddo.

Por agora, acho que sou uma visitante sem guia.

5 comments:

Anonymous said...

Bela tarde, infatti! Quanto ao café..até eu gostei..mas bom bom, era o bolo - alla borlex também, hehe!
:) quem me dera este tipo de tardes mais vezes!!

JPC said...

Bom saber por onde andam :P
*

maramar said...

e que andam às gargalhadas!|

duarte rolo said...

E o que se é numa cidade em que se vive, a não ser um visitante constante!

Finalmente descobri o teu blog, foi preciso o Francisco dizer-me!

Beijinhos

maria said...

olha olha quem é ele!agora que ja sabes podes aparecer mais vezes:)
beijinhos!